segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Tudo o mais é... Nada.

Estava sem rumo. Via meus sonhos se desmoronarem como colunas de um templo antigo... E ainda sim estavam todos ali. Mesmo que pisoteados e desgraçados pelo tempo. Mesmo que humilhados por teu riso cruel... Estavam todos ali, em seus jazigos onde estava escrita a palavra: Paz. O que seria essa palavra a um coração tão tristonho? Tão cheio de dúvidas quanto aos próprios sentimentos? Não sei responder. Essa parte de mim sonha mais que todas as outras, e assim como dizem que quanto maior o voo maior é a queda, talvez deva ser com os sonhos também. Já que a cada vez que vejo teus olhos surgirem em minhas noites mais agradáveis, ao acordar me deparo com um céu negro e uma tempestade funesta que cai sobre minha casa construída de pedaços de ilusões. As colunas estão ruindo, meu amor... A estrela de meus sonhos está se apagando. E onde você está? Não ouço sequer a música que te embala. Não vejo sequer teus olhos na escuridão... Tudo o mais é vazio.
Os fantasmas do passado me assombram, sim. A ilusão de ter criado uma imagem perfeita está se despedaçando... Não o personagem que criei e sim, aquele em que depositei minhas esperanças, aquele o qual acreditei veemente ser quem tanto procurei insistentemente neste mundo tão cheio de falsos olhares. Não era você enfim, meu querido cavalheiro de olhos mais verdes que o mar... Não era você meu amor ilusório que vinha para me tirar de todas as dores do mundo real. Vejo que o encanto está em estilhaços que não podem ser colados... São tão pequenos e tolos! Traços de um conto de fadas que não deu certo. O príncipe no fim, ao descobrir que a princesa era uma gata borralheira, desistiu de enfrentar a tempestade para entregar o sapatinho de cristal àquela por quem havia se apaixonado. Simplesmente por te-la descoberto após as doze badaladas do relógio, quando a carruagem virou abóbora e o lindo vestido azul voltou a ser trapos velhos de uma alma infeliz. Ela tinha tantos sonhos! Tantos planos para o amor feliz... E tudo o mais são ruínas.
Olhando para a mesma janela na qual vi tua imagem refletida uma vez, pergunto-me se algum dia me passou alguma esperança de que poderia ser real aquele amor que vivíamos... Ou se nosso conto de fadas não estava nem perto de começar. Será que fui tão tola assim, capaz de deixar me levar por uma mentira tão mal contada? Será que a vontade de uma história feliz era tamanha que ao menos me importei com as vírgulas e pontos? E foi o fim. Eu mesma que o determinei. Cansei de te esperar nestas noites tão solitárias. Cansei de tentar decifrar cada gesto, cada palavra, cada código contrafeito teu. Cansei de correr atrás de tuas frases inacabadas, de teu sorriso opaco, de teu sentimento tão vago. O teu ciúme dissimulado, teu abraço tão frio e distante. Tua presença tão ausente. Agora sei que a flor de meu amor não floresceu em teu nome. Agora sei que não subi tão alto na escada dos sonhos por você. Não era tua a imagem refletida em meus olhos naquela noite em que as estrelas caíram do céu... E agora posso enxergar o quão estúpida fui em ter acreditado com todas as fibras de meu coração, que tudo foi verdade. Talvez tenha sido em parte... Ou não.