Estava escuro e frio. Eu andava a sós comigo mesma, nem mesmo minha sombra ousava perturbar meus passos, meus pensamentos e devaneios. Então, na calada de uma senda escura ela surgiu assim, de repente. Chegou sem pedir permissão e já foi tomando conta de meus passos e pensamentos. Seguia-me incansavelmente. Seguia-me como desejos à volúpia. Seguia-me como sonhos ao poeta. Seguia-me, seguia-me... Eu ouvia seus passos e corria como diabo à cruz. Corria porque não queria me deixar levar por uma súbita loucura. Corria porque tinha medo de abandonar meus sonhos. Mas, ela me seguia. E insistentemente me seguia... Desisti de fugir. Cansei de correr. Ela me perseguia e aquilo estava me enlouquecendo de verdade, e embora eu soubesse que ainda poderia me livrar da perseguição eu decidi por enfrentá-la. Afinal, ela não poderia ser tão mais forte que eu... Simplesmente eu a venceria de qualquer forma.
Ah... Como somos tolos diante de tal situação. Como nos tornamos cegos e loucos!
Então parei. Estática e olhando-a firme nos olhos. Via aquela imagem cega aproximar-se e sentia meu corpo ser envolto por luz e sombras, melodias e perfumes, ilusões, fantasias. Ela aproximava-se de mim sorrateira e graciosamente. Mas, tão avassaladora que mal podia acompanhá-la com os olhos. Ela se mostrava tão bela e atraente, no entanto,era ilusão! Só podia ser!
Chegou e encantou-me com sua graça. Eu tinha sido envolta em teus laços sem mesmo saber disso. Então perguntei: - Quem és, realmente, tu? Por que sempre me persegues? Qual é teu nome?
Ela docemente sorriu, sua imagem cega agora tomava belas formas que ainda sim, me é impossível descrever. Ela delicadamente olhou-me com teus olhos de cândida perfeição e proferiu tais palavras:
- Sou aquela que segue os passos te todos aqueles que se deixam fantasias... Sou quem mais persegue a alma dos homens, sobretudo dos poetas. Sou aquela que te oferece o Sol sem lhe mostrar o quão importa as estrelas. Sou quem lhe dá uma mão para reerguer-se e um pontapé para seguires em frente. Sou a quem pode lhe destruir e também lhe renovar. Sou quem lhe refaz ou destroi o coração. Sou a que lhe faz sonhar. Temida e desejada. Chamo-me Paixão.

Porque naquele momento eu sabia que enfim, a lagarta havia se tornado borboleta. Eu tinha certeza que ela havia já aberto suas asas brilhantes tão azuis... E voou. Eu tnha certeza, a Paixão transformara-se em Amor.
Ola,
ResponderExcluirGostei muito do conto, esse enlaçe entre fantasia e realidade, chamou a atenção. Devo dizer que sou mais da poesia que da prosa na minha escrita, mas eclética em minhas leituras.
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Beijos
Fátima